Documentário sobre reforma prisional no Brasil atrai parceiros díspares da UF
Nesta imagem do documentário "Unguarded", presidiários limpam o chão de uma prisão no Brasil administrada pela Associação de Proteção e Assistência ao Condenado. Parte da abordagem da justiça restaurativa envolve trabalho e educação.
'Unguarded' desencadeia conversa sobre modelo de justiça restaurativa para criminosos condenados
Por Douglas Ray - 15 de fevereiro de 2023
Um filme que explora o poder do amor, confiança e disciplina para devolver criminosos condenados à vida cívica bem-sucedida no Brasil também oferece uma plataforma para mostrar como pontos de vista díspares podem se envolver em conversas saudáveis na Universidade da Flórida e na comunidade ao seu redor.
O documentário "Unguarded" será exibido em 27 de fevereiro no Hippodrome Cinema no centro de Gainesville, com o apoio de vários patrocinadores que trazem perspectivas variadas para a construção de laços cívicos robustos e saudáveis.
Os patrocinadores incluem o Hipódromo, uma agência comunitária de artes cênicas; AVSI-USA, uma organização internacional sem fins lucrativos que apoiou a produção do filme; e unidades da UF que incluem o Centro de Estudos Latino-Americanos, o Programa de Honras, o Centro Hamilton de Educação Clássica e Cívica e a Faculdade de Artes e Ciências Liberais, incluindo seu Departamento de Sociologia e Criminologia e Direito, o Departamento de Espanhol e Português Estudos, o Centro de Estudos Gregos e o Centro de Humanidades e Esfera Pública.
"Acho que todos podemos concordar que a altíssima taxa de encarceramento da América indica que algo está errado em nossa sociedade", disse Trysh Travis, reitor associado da Faculdade de Artes e Ciências Liberais. "Pessoas razoáveis podem discordar sobre como consertar isso. Mas não podemos encontrar soluções que funcionem e tenham amplo apoio a menos que pessoas com diversos pontos de vista e experiência possam discutir e colaborar. Reunir todo esse poder de fogo acadêmico e cívico em um só lugar é o forma de estimular essa colaboração. Deve ser uma ótima noite", disse ela.
Simonetta d'Italia Wiener, diretora do premiado documentário, conduzirá um painel de discussão após a exibição das 17h30. Os membros do painel incluem Shon Hopwood, professor associado de direito na Universidade de Georgetown; Patrick Mahoney, diretor de programas e reinserção do Departamento de Correções da Flórida; e Pre Shelton, educador comunitário em Joseph House, um ministério católico baseado no Panhandle da Flórida. Hopwood e Shelton defendem pessoas que, como eles, passaram pelo encarceramento. Quem quiser participar deve se inscrever com antecedência.
"Desguardado" traça o perfil da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC), que tem apontado um novo caminho para o conturbado sistema prisional brasileiro. Ele usa um modelo de justiça restaurativa para demonstrar que mesmo aqueles condenados por crimes graves podem ser transformados em cidadãos produtivos quando o encarceramento se concentra na recuperação em detrimento da punição.
A abordagem da APAC não é fácil. Os presos têm uma rotina que vai das 6h às 22h e inclui trabalhos obrigatórios, como limpeza das instalações, e educação. Embora as taxas de criminalidade e reincidência tenham continuado a aumentar nas prisões públicas brasileiras – onde rebeliões e descumprimento das normas de direitos humanos são comuns – dentro do sistema APAC, elas diminuíram constantemente nos últimos 50 anos.
A abordagem agora está sendo estendida a outros países, embora aqueles por trás dela sejam rápidos em dizer que não é um modelo que pode ser simplesmente franqueado.
A justiça restaurativa, como a praticada nas prisões da APAC no Brasil, olha para os impactos do crime não apenas nos infratores, mas também nas vítimas e nas famílias dos infratores. Procura reparar o dano e abordar as razões da ofensa. Então, envolve pessoas que vêm de perspectivas muito diferentes sobre o que aconteceu.
Da mesma forma, os patrocinadores da UF para o evento de Gainesville representam uma ampla gama de interesses.
"Nenhum grupo é mais desprezado na sociedade do que aqueles que cometem crimes. Infelizmente, tendemos a usá-los como meros objetos ou símbolos para apoiar uma agenda política, seja 'Duro com o Crime' ou 'Desfinanciar a Polícia'", disse John Stinneford, diretor do Hamilton Center e professor da Levin College of Law da UF.